A criatividade posta ao serviço da dinamização local é assim que se pode classificar a reconstituição da visita de William Beckford efectuada ao Mosteiro da Batalha em 1794. A iniciativa da Câmara da Batalha com o apoio do Igespar (Instituto de gestão do Património) e outros organismos teve lugar nos passados dias 16 e 17 de Outubro de 2010.
William Beckford era um viajante inglês que efectuou três longas viagens ao nosso país. Uma de 1787 a 1789, a segunda de 1793 a 1795 e a terceira de 1798 a 1799. Foi na segunda que passou pelos mosteiros de Alcobaça e Batalha durante as quais escreveu alguns apontamentos que anos depois deram origem a uma obra ou crónica de viagem. A parte desse livro, foi traduzido para português em 1997 por Iva Delgado e Frederico Rosa com o título “Alcobaça e Batalha – Recordações de Viagem”. Concorde-se ou não, com a veracidade dos relatos ou com a importância dada aos relatos de um passeante, o certo é que ele nos falam de um passado real ou romanceado.
Pegar neste tema para fazer uma reconstituição de um tempo passado é de facto um exercício de criatividade, posto ao serviço da dinamização e desenvolvimento local. É preciso ter ideias, coragem, ousadia e dinamismo.
Alcobaça que sistematicamente puxa pelos argumentos do seu passado histórico, nada faz para que usar isso como valor de dinamização. Não temos reconstituições históricas, não temos feiras medievais, nada fazemos como os nossos vizinhos de Óbidos ou outros. Só sabemos pensar em coisas megalómanas, logo queremos um museu da língua porque lá no Brasil também existe um, mas não somos capazes de pensar nada de inovador e nosso. Falta-nos em criatividade o que nos sobre em fantasia e demagogia. Nem sequer somos capazes de apoiar convenientemente o mercado do início do século que a NUCCA tem sido capaz de desenvolver. Representa isto a pobreza cultural dos nossos autarcas que se esquecem, ou não sabem, por exemplo que no Centenário do Hospital de Alcobaça aqui se realizou com grande êxito um mercado tradicional do início do século e que merecia ter uma continuação cíclica. Não somos capazes de aproveitar o que por cá se fez de bom e apenas sabemos ser macaquinhos de imitação.
Pobre Alcobaça onde faltam autarcas e políticos que sejam líderes.
Sem comentários:
Enviar um comentário