Novas eleições legislativas deverão realizar-se em Portugal, até meados do próximo ano de 2011. Esta é a leitura que se pode fazer nas entrelinhas do debate do Orçamento de Estado, que não gerou o necessário clima de confiança de que o país tanto precisa, mas abriu caminho para novas eleições. Ou seja, os partidos estão com os olhos postos no seu próprio futuro próximo e não nos interesses de Portugal.
Como por força das pressões não foi possível ao PSD provocar agora as eleições, aproveitou o debate do Orçamento para se colocar na recta de partida para as próximas legislativas, que se deverão seguir às presidenciais. Não se percebeu para que serviram tantas negociações quando o PSD apenas se iria abster. Mas Passos Coelho jogou uma jogada de mestre. Criticou duramente o Orçamento argumentando que era muito mau para o futuro dos países mas generosamente permitiu a sua aprovação abstendo-se, lavou as mãos tal como Pilatos. Se o documento era tão mau e se existia alguma alternativa porque permitiu que o país seja penalizado por este Orçamento de Estado? Para que serviram as negociações que puseram o país à beira de um ataque de nervos?
É obvio que ele sabia que o Governo não tem grande margem para negociar! Sabe que os tempos actuais são difíceis e que não há respostas fáceis. Sabe que estamos de tanga num Inverno e é preciso apertar o cinto. Sabe que o orçamento é recessivo e que o governo vai ter que fazer muitos cortes e que vão surgir protestos de todo o lado. Sabe que em casa que não há pão todos ralham sem ninguém ter razão. Cria assim uma imagem favorável a seu respeito, cresce na opinião pública como as sondagens vão demonstrado e vai grelhando o governo em lume brando. É assim que se vai construindo caminho para uma nova maioria.
Todos os governos aumentaram as despesas, mas, foi com as maiorias que mais aumentaram as despesas públicas, pois era preciso alegrar a populaça. Temos vivido acima das possibilidades e chegámos à situação em que estamos, que não é só culpa dos mercados internacionais, mas da gestão dos políticos que todos escolhemos para nos governarem. Ou seja é culpa dos políticos e é também culpa nossa pois permitimos a sua eleição. Deixamo-nos enganar por uns, vamos a seguir deixar-nos enganar por outros.
1 comentário:
Boa Quim... adoro pessoas sem 'papas' na lingua e é verdade que as criticas também podem ser construtivas!
Claro que haverá sempre quem não goste, sobretudo quando se lhes chega a roupa ao pêlo ;-)
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